Acreditar
Hoje acordei de mal com a vida.
Se calhar porque também, a mesma não tem sido muito generosa comigo.
Em Outubro de 2003, acreditei ser possivel que trabalhando em equipa, trabalhando com afinco, e com o coração, dar mais de mim, dar tudo o que tinha, para melhorar a condição de umas dezenas de pessoas.
Acho que preciso de cabalmente passar esta dor para o papel.
Preciso urgentemente de esquecer a Cocamabé e todas as pessoas que por lá se cruzaram comigo.
Porque o único ponto positivo que ficou da Cocamabé foi mesmo o crescimento pessoal.
Bom, voltando ao principio...
Após uns meses ocupados apenas a ser mãe, resolvi voltar ao mundo do trabalho, e a "eleita" foi a Cocamabé.
Função: Direcção Financeira
Mas,
a Cocamabé só tinha instalações fisicas, uma grande fábrica provida de todas as modernas tecnologias.
Mas uma carpintaria de vão de escada na sua essencia.
Deparei-me com o maior desafio da minha vida, como haveria de conviver com pessoas de um mundo tão diferente do meu?
Como poderia aceitar as bebidas alcoolicas, o constante desrespeito pelas regras de normas de higiene e segurança no trabalho?
Como poderia, uma mulher cosmolita e citadina, conviver com pessoas tão simples e rurais?
Na primeira semana, apetecia-me fugir, desaparecer
e antes o tivesse feito!!!
Mas como sou teimosa, resolvi insistir
resolvi ficar e tentar mudar o mundo....
enfim....
esta minha maneira utopica de ver os outros, dá sempre mau resultado...
Em suma
Fiz crescer a Cocamabé
Modernizei-a
fiz cursos de gestão de cooperativas
contratei pessoas
fiz com que essas pessoas tivessem formação
criei melhores condições de trabalho para todos
tantos produtos novos saíram daquela fábrica....
que saudades eu tenho!
Foi um projecto de desenvolvimento tão bom, que realmente me enche de orgulho.
Mas esqueci que as pessoas não se mudam.
E por isso fui enganada escandalosamente por um padre.
Fui agredida, maltratada.....
Continuei a segurar-me....
Fui considerada empresaria de sucesso, andei a dar entrevistas para jornais e revistas...
Mas para que? Mas porque?
Para a fábrica encerrar e os responsaveis saírem ilesos?
para ninguém ser punido?
para ver 100 pessoas ficarem sem o seu ganha pão, sem que nada conseguisse fazer...
Realmente a sensação de impotencia foi grande.
Mas agora, isso tornou-se em mágoa.
Porque percebi que aquelas pessoas por quem me esforcei e tanto trabalhei não o mereciam....
Não sei como ver o mundo, as pessoas, o meio que me rodeia.
Tenho apenas a sensação de estar a berrar, a plenos pulmões, e ninguém ouvir, porque ninguém percebe a minha linguagem...
acreditar no dia depois do amanhã
acreditar que um mundo melhor existe
acreditar no amor fraternal entre as pessoas
acreditar que algures existe o meu porto de abrigo
até porque eu peço tão pouco
Se calhar porque também, a mesma não tem sido muito generosa comigo.
Em Outubro de 2003, acreditei ser possivel que trabalhando em equipa, trabalhando com afinco, e com o coração, dar mais de mim, dar tudo o que tinha, para melhorar a condição de umas dezenas de pessoas.
Acho que preciso de cabalmente passar esta dor para o papel.
Preciso urgentemente de esquecer a Cocamabé e todas as pessoas que por lá se cruzaram comigo.
Porque o único ponto positivo que ficou da Cocamabé foi mesmo o crescimento pessoal.
Bom, voltando ao principio...
Após uns meses ocupados apenas a ser mãe, resolvi voltar ao mundo do trabalho, e a "eleita" foi a Cocamabé.
Função: Direcção Financeira
Mas,
a Cocamabé só tinha instalações fisicas, uma grande fábrica provida de todas as modernas tecnologias.
Mas uma carpintaria de vão de escada na sua essencia.
Deparei-me com o maior desafio da minha vida, como haveria de conviver com pessoas de um mundo tão diferente do meu?
Como poderia aceitar as bebidas alcoolicas, o constante desrespeito pelas regras de normas de higiene e segurança no trabalho?
Como poderia, uma mulher cosmolita e citadina, conviver com pessoas tão simples e rurais?
Na primeira semana, apetecia-me fugir, desaparecer
e antes o tivesse feito!!!
Mas como sou teimosa, resolvi insistir
resolvi ficar e tentar mudar o mundo....
enfim....
esta minha maneira utopica de ver os outros, dá sempre mau resultado...
Em suma
Fiz crescer a Cocamabé
Modernizei-a
fiz cursos de gestão de cooperativas
contratei pessoas
fiz com que essas pessoas tivessem formação
criei melhores condições de trabalho para todos
tantos produtos novos saíram daquela fábrica....
que saudades eu tenho!
Foi um projecto de desenvolvimento tão bom, que realmente me enche de orgulho.
Mas esqueci que as pessoas não se mudam.
E por isso fui enganada escandalosamente por um padre.
Fui agredida, maltratada.....
Continuei a segurar-me....
Fui considerada empresaria de sucesso, andei a dar entrevistas para jornais e revistas...
Mas para que? Mas porque?
Para a fábrica encerrar e os responsaveis saírem ilesos?
para ninguém ser punido?
para ver 100 pessoas ficarem sem o seu ganha pão, sem que nada conseguisse fazer...
Realmente a sensação de impotencia foi grande.
Mas agora, isso tornou-se em mágoa.
Porque percebi que aquelas pessoas por quem me esforcei e tanto trabalhei não o mereciam....
Não sei como ver o mundo, as pessoas, o meio que me rodeia.
Tenho apenas a sensação de estar a berrar, a plenos pulmões, e ninguém ouvir, porque ninguém percebe a minha linguagem...
acreditar no dia depois do amanhã
acreditar que um mundo melhor existe
acreditar no amor fraternal entre as pessoas
acreditar que algures existe o meu porto de abrigo
até porque eu peço tão pouco
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